quarta-feira, 2 de julho de 2008

Salão de beleza tem que ter papo furado

Conheço poucos, os homens, que são fiéis a um determinado cabeleireiro ou salão de beleza, eu mesmo quando decido cortar o cabelo adoro mudar de salão, porque desde que me vi cortando o cabelo, aos 5 anos, depois de um corte traumatizante, que me deixou horrível por algumas semanas, somente uma única vez sai satisfeito do lugar, acho que foi a ilusão, do luxo, de ter pago uma boa nota pelo corte, o interessante é que aprendi, com essa rotina, que mesmo não gostando do serviço, acabo me acostumando com a cabeleira uns dias mais tarde.
Certa vez procurando um salão, num bairro de classe média do ABC Paulista, bati em 3 estabelecimentos, mas só cortavam cabelo de mulher, até pensei com raiva: "o universo conspira para que eu não corte o cabelo", mas depois de meses sem cortar, naquele momento eu precisava, pois teria um evento importante no dia seguinte. Acabei por encontrar um salão que havia passado milhares de vezes na frente e nunca o percebi. Estacionei o carro e quando entrei, dei de cara com uma prima de 2º grau, parte da família do meu pai, a dita fez um alvoroço quando passei pela porta, dizia sobre a quantidade de anos que não me via, perguntava sobre meus pais a toda hora, não parava de comentar sobre meu cabelo, de como estava enorme, falava pelos cotovelos. Aquelas cenas de tia velha. E pareia a ela, a dona do salão, que parecia amiga íntima da minha prima, também acompanhava no mesmo ritmo toda a conversa. Depois de tanto me apertarem como tias velhas, um senhor, o único que cortava cabelos de homem no bairro, me aguardava pra começar o trabalho.
Cabelo vai e papo vem, a cliente da manicure resolveu puxar assunto falando de caridade, eu e todos do salão só escutando, até a caridade virar assunto da vida do povo, foi a deixa pra todas, caladas por poucos instantes, desatinaram a falar, cada uma com suas opiniões, suposições e até apostas sobre a vida da coitada em questão, o legal é que toda essa conversa foi me distraindo, e o cabelo foi finalmente cortado. Depois daquele dia, percebi que para um salão de beleza ser agradável, além de ter um cara talentoso com a tesoura na mão, tem que ter gente boa de papo, porque nem aquele corte que eu sai satisfeito depois de ter pago uma nota, foi tão divertido quanto este, o melhor de tudo, foi que no final da minha visita, ainda me deixaram levar um gel fiado.

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