Ela fugiu, simplesmente me escapou, e agora? Mas será o Benedito? Não é possível, ela deve estar em algum cantinho aqui por perto, tenho certeza. Vou descobrir um jeito de encontra-la e acabar com essa angustia.
Fui correr no parque e dar uma pesquisada na Livraria Cultura. E nada. Conversei com todos ao meu alcance e com quem pudesse conhece-la. Nenhum sinal da engraçadinha. Andei por lugares obscuros procurando a sua luz, tudo em vão. Busquei em portais da internet, salas de bate-papo, blogues e afins. Eu só queria uma dica, um sinal, uma pista. Nadica de nada. Tentei até música clássica e banho gelado. Nenhum adiantou. Depois de tudo isso, fiquei exausto, pensei em desistir dessa saga sem fim e resolvi relaxar. Tomei um chá e outro banho, dessa vez morno, foi quando percebi que meu corpo estava cansado, minha mente doia e meus olhos pediam para eu parar um pouco. Fui dormir e acabei sonhando com a desgraçada, eu corria por horas sem fadiga atrás dela e não conseguia ver sua face, ela era rápida e mudava constantemente, parecia mutante, e ficava mais bonita e encorpada toda vez que se transformava quando eu chegava perto. Quando um obstáculo aparecia repentinamente, era um Deus nos acuda. Eu desviava e apareciam dois novos caminhos, se eu escolhesse o certo ela continuava a mudar para melhor, mas quando eu selecionava o errado ela ficava estranha, feia mesmo.
Parece que sonhei por dias correndo atrás dessa palavra, que no sonho tinha pernas, mas só foi uma noite inteira.
Acordei disposto e nem lembrava que tinha sonhado, tomei meu café da manhã e fui aproveitar o sábado na Livraria Cultura. Quando simplesmente do nada uns flashes começaram a aparecer. Lembrei de partes do meu sonho. Prestei atenção na avenida. Olhei para as árvores. Entrei na Cultura e vi toda aquela madeira, aqueles livros e de repente, como uma faísca, a palavra veio à tona, como se tivesse vida própria dentro da minha cabeça. “Guadalupe” como pude esquecer desse nome tão único?
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