sexta-feira, 20 de março de 2009

No banheiro

Ei, hoje quero falar pra você, e de você, que vai ao banheiro, faz suas necessidades orgânicas e escova os dentes com creme dental ou corega master plus, toma banho com sabonete líquido e também o esfrega no corpo quando é em barra, usa shampoo cheiroso e condicionador cremoso, lava as mãos antes da refeição e xixi depois que a bexiga aperta.

Usa o tal para pensar quando precisa se encontrar e demora pra sair quando esquece de se achar. Passa tempo na frente do espelho afinando a vaidade, alisa o cabelo, lava o rosto e seca com pano limpo ou papel processado.

Até parece mentira quando a concentração é traída por aquele engraçado, que bate forte pra assustar e sai correndo pra rir. Tão legal quanto poder curtir uma melodia, enquanto relaxa com uma ducha, é encontrar o caminho livre e sair correndo pra aliviar.

Pois é triste, no púbico, ter que dividir milhares de possbilidades imunológicas, que ninguém quer ter, mas a natureza obriga à exposição, e aquela necessidade, que virou vontade e se não for saciada logo, se transforma em desejo, que acaba virando pesadelo, é quase uma epopéia de sensações. As vezes dá até pra aproveitar a tragicomédia e recitar a pornografia escrita à caneta nas portas escrotas.

A latrina não costuma ser citada por ai, quando inventada nos primordios de não sei onde, e comunicada pelo latim, pareceu sempre ser o lugar do resto, penso eu: falta adubo para as árvores desse nosso mundo? o defeco sempre fez parte da cadeia alimentar, mas hoje em dia virou resíduo que contamina e preocupa. Não dá mesmo pra fazer coisa melhor com o resto do resto?

No banheiro se tem dor e prazer, varia muito do seu estado de espirito. Pobre daquela gente que não gosta de mudar. Se pararem para imaginar que, nesse lugar reservado pra tomar banho, se fazem coisas que até Deus dúvida, e ninguém nunca vai ficar sabendo, ficariam boquiabertos.

O WC, toalete ou simplesmente banheiro, nem sempre existiu, mas é possível que a civilização, continuando, na busca pela nobreza perfeita que pretendemos atingir, vá estilizado conforme as necessidades da época. Um tanto quanto óbvio é claro, o não óbvio é pensar em quais serão estas necessidades. Telefone no banheiro até vai, hoje em dia quem não escova os dentes e fala no celular ao mesmo tempo? Mas daqui a 10 anos, com os telefones holográficos, vai ser um pouquinho estranho o camarada nos ver peladão, naqueles momentos mais íntimos e irrefutáveis, porque dificilmente teremos perdido a moral que nos faz ter o pudor da estética do corpo e dessa necessidade de nos esconder. Segredos não serão mais segredos? Díficil, o mais fácil mesmo vai ser não atender o telefone ou ter, por exemplo, um box de chuveiro, com matéria-prima hi-tech que bloqueie, neste caso, o holograma.

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