terça-feira, 9 de março de 2010

Ônibus em Diadema

Fazia tempo, tinha esquecido a sensação de como era pegar ônibus no município de Diadema, porque como vocês sabem cada cidade do país tem suas características próprias no transporte coletivo, os modelos dos veículos, a forma de pagamento, o estilo dos motoristas, até o preço é diferente. A espera sinto dizer, continua a mesma, ainda demorada, fiquei quase 20 minutos esperando para andar 6km aproximadamente, relativamente curta a distância, se tivesse ido andando já estaria na metade do caminho quando o busão chegou, mas o sol das quatorze horas está bem forte ultimamente, preferi esperar.
Passou um e nada, no segundo com a mesma placa de destino eu tive que parar e perguntar: “Ei você vai pra Dom João VI?” O de traz vai, com placa vermelha, esse aqui faz outro caminho – Respondeu o motorista. Que diacho, antes só tinha uma linha que passava aqui, agora tem duas?
O bendito microônibus com placa vermelha chegou, estava sozinho no ponto, mas um minuto antes dele chegar, aparecem duas pessoas, ofereci a entrada para uma mulher, ela recusou dizendo que eu poderia entrar na frente, fui logo entrando, sem lugar para sentar antes da catraca, tive que ficar em pé pegando as moedas da carteira (deveria ter separado antes, eu sei), parando a fila, e o motorista sem esperar já foi logo andando sem esperar que todos pagassem, me equilibrei horrores pra pegar o dinheiro e ficar de pé no busão, até que consegui e passei da catraca.
Quando tive tempo de perceber quem estava lá na viagem comigo: um casal jovem de namorados, os dois cabeludos, ela loira, bonita, traços finos, e ele só cabelo, seu rosto estava coberto, ele parecia se esconder no colo dela, fiquei curioso pra ver quem era, no final percebi que era um japonês nerd, ele tinha um livro nas mãos e ela um jornal que dizia algo sobre literatura na manchete. Sentei bem próximo a eles, tentei ler o jornal na mão dela e observei as outras pessoas, algumas de costas pra mim, outras ao lado.
Tentei encontrar alguém bonito e foi bem difícil, a salvar pelo casal, sem querer ser arrogante ou exigente, foi só um lapso de nostalgia, antes quando andava com mais freqüência de ônibus, eu via mais pessoas bonitas, conseguia até flertar muito raramente, mas hoje levei um choque, talvez fosse o sol quente demais que estava desanimando as pessoas, ou elas também tiveram que esperar demais pra pegar aquele ônibus e ficaram desanimadas, nenhuma pessoa daquele ônibus estava sorrindo, agora me pergunto, será que eu estava sorrindo?
No entardecer, ao pôr do sol, no comecinho da noite, novamente tive que pegar o ônibus do mesmo itinerário, só que dessa vez para voltar aquele destino que havia partido a tarde. Andei correndo por 6 quarteirões, olhando pra trás pra ver se via o meu amigo de rodas, jurei pra mim mesmo que iria chegar na oficina correndo, (aham, eram 6km, quem eu queria enganar?) no 7º quarteirão ele chegou e eu pude descansar um pouco, ainda bem, já tava dando aquela dor aguda no abdômen. Por incrível que pareça neste horário de pico o ônibus estava razoavelmente cheio, com espaços para sentar, mais uma vez tive que me equilibrar para pegar as moedas, R$ 2,50, pois de novo havia esquecido de separar. Observei novamente os passageiros, dessa vez havia sorrisos, de criança, mas ainda assim pouca beleza no busão, teve privilégio nas olhadas quem estava dormindo, cochilando na poltrona (eu ouço essa palavra "poltrona" e imagino conforto, totalmente ao contrário da cadeirinha safada do busão), o dorminhoco com ar de suspense, meio escondendo o rosto, passou a ficar bonito.
A cobrança e a crítica realmente fazem parte do coletivo, elas partem do desejo de melhora, e as enxergo com clareza, pois senti falta e creio que todos sentem também, dizer que a demora e a falta de conforto das cadeiras é o mínimo, poderia citar também a falta de cuidado do motorista, um mínimo de educação com um simples boa noite faria diferença na minha viagem, mas estamos no Brasil, entendo o clima estressado do fim de um expediente. Também desconheço tanta fixação pela beleza, principalmente da minha parte, eu só observo e quando percebo estou procurando por estética agradável, Vinícius deve mesmo ter me convencido de que ela, a beleza, é fundamental.

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